Navio Pio Grande é capaz de substituir a função de cerca de 715 veículos de carga a combustão, com emissões significativamente menores de gás carbônico durante os percursos de ida e volta
Por Redação
Navio multipropósito Pio Grande, é usado no transporte de bobinas de aço (Foto: Divulgação)
Com base no critério “gramas de CO2 por toneladas/km rodado”, levantamento realizado pela Norsul mostra que, ao comparar os lançamentos feitos pelo navio da companhia Pio Grande e pelas carretas necessárias para transportar as 30 mil toneladas (capacidade da embarcação), as emissões de CO2 pelo transporte rodoviário são 6,23 maiores. Os caminhões lançariam 2,2 mil toneladas de gás na atmosfera — 1,8 mil toneladas a mais do que as emissões do multipropósito, considerando a mesma carga e o mesmo trajeto.
Segundo a companhia, o navio multipropósito Pio Grande, é usado no transporte de bobinas de aço entre os portos de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, e Vitória, no Espírito Santo. A embarcação é capaz de substituir a função de cerca de 715 caminhões, com emissões significativamente menores de gás carbônico durante os percursos de ida e volta.
“Somos uma companhia que movimenta cargas que estão no miolo da indústria, então temos uma posição privilegiada para entender o que está acontecendo no mercado, analisar e responder com agilidade, para poder dar suporte aos nossos clientes em seu crescimento. Atualmente, vemos um aquecimento do mercado, de vários parceiros querendo jogar o jogo da logística. Logística tem muito a ver com eficiência, tecnologia, melhorar o processo, e a Intermodal é uma feira que propicia que todos os jogadores possam entender quais são as suas opções e oportunidades para serem melhores e mais eficientes”, disse o diretor Comercial da Norsul, Fabiano Lorenzi.
DESENVOLVIMENTO DA CABOTAGEM NO PAÍS
Na Intermodal 2024, Fabiano Lorenzi debateu com o diretor-executivo da Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem (ABAC), Luis Fernando Resano, sobre o desenvolvimento da cabotagem no país e os altos custos portuários, baixo número de portos na costa, dificuldade de conexão com outros modais, entre outros entraves.
“Se formos comparar o volume do transporte de cargas Brasil afora, 65% são transportados via rodoviário e apenas 11% via cabotagem, um dado confirmado pelo próprio BNDES. Então, temos aí dois desafios: oferta e trabalhar para ser menos um serviço de transporte e mais uma solução logística para as empresas, com entrega porto-a-porto e cada vez mais personalizada de acordo com as necessidades do cliente”, afirmou Lorenzi.
Segundo a companhia, a cabotagem transporta 180 milhões de toneladas anualmente, sendo 130 milhões de petróleo e os demais contêineres, granéis e neogranéis — insumos ou produtos para indústrias.
Os executivos discutiram também o uso de combustíveis alternativos na navegação, como LNG, metanol, etanol e amônia, além dos desafios para adoção da tecnologia verde no Brasil. “Hoje, 50% dos navios pedidos para estaleiros têm combustível verde como alternativa. Então, essa preocupação já existe e a frota está sendo renovada, mas é um processo lento”, comenta o diretor da Norsul. Para Luis Fernando Resano a necessidade do uso destes combustíveis faz parte da construção dos “navios do futuro”. “Precisamos construir hoje um navio que precisará estar apto às exigências regulatórias de 2050, considerando 25 anos a expectativa de vida média de uma embarcação”, destacou.
Fonte: Mundo Logística