Fetransul alertou que bloqueios estão causando um impacto generalizado em toda a cadeia de suprimentos, embora ainda não tenham sido calculados os prejuízos totais
Por Camila Lucio
As inundações resultaram em estradas bloqueadas e infraestrutura danificada, dificultando o fluxo de mercadorias (Foto: Ricardo Giusti)
As recentes chuvas e enchentes que assolaram várias localidades no Rio Grande do Sul não apenas desalojaram famílias e provocaram extensos danos, mas também exerceram um peso significativo sobre o setor de transporte de cargas e logística. As inundações resultaram em estradas bloqueadas e infraestrutura danificada, dificultando o fluxo de mercadorias e impondo desafios adicionais às operações comerciais na região.
De acordo com dados do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) do Estado do Rio Grande do Sul, divulgados na última sexta, 10 de maio, são 80 trechos em 49 rodovias com bloqueios totais e parciais, entre estradas, pontes e balsas. Além da suspensão parcial das operações ferroviárias e o fechamento do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre.
A Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no Rio Grande do Sul (Fetransul) alerta que esses bloqueios estão causando um impacto generalizado em toda a cadeia de suprimentos, embora ainda não tenham sido calculados os prejuízos totais.
Segundo notícia divulgada pela Intermodal, os fechamentos de rodovias e ferrovias afetam o transporte de mercadorias, não apenas dentro do Estado, mas também entre diferentes regiões do Brasil.
A suspensão parcial da linha férrea Rumo entre Cacequi e Rio Grande ameaça os embarques de grãos e petróleo, interrompendo as cadeias de abastecimento nacionais.
As empresas de transporte e logística enfrentam desafios operacionais devido à destruição de infraestruturas e à dificuldade de acesso a determinadas áreas. Entre os 163 pontos de interdição em rodovias totais ou parciais, 61 pontos são em estradas federais e 102 trechos em 58 rodovias estaduais.
O Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), estará fechado por tempo indeterminado, com todos os voos suspensos. A Fraport, empresa que administra o aeroporto, estima que o dia 30 de maio será a data final da suspensão das operações, conforme informações divulgadas pelo G1.
EXECUTIVO FALA SOBRE OS DESAFIOS ENFRENTADOS
Em meio à crise desencadeada pelas enchentes que assolaram o Estado, o CEO da TruckPag, Kássio Seefeld, em entrevista exclusiva à MundoLogística, expôs os desafios enfrentados não apenas pelos clientes da empresa, mas pela população em geral. Com a mobilidade para distribuição comprometida e diversas empresas de transporte impactadas, a situação é descrita pelo executivo, que tem acompanhado o cenário de perto, como “calamidade” e “catástrofe”.
De acordo com o executivo, clientes da TruckPag relatam perdas significativas, com faturamento até 90% mais baixo em comparação com períodos anteriores. Além de empresas com 88 veículos na frota, sendo que 35 estão, literalmente, embaixo da água.
“A nossa preocupação toda é com as vidas que lá estão, isso é indiscutível”, afirmou o CEO, destacando a prioridade absoluta de salvar vidas. No entanto, ele também expressou preocupações sobre a recuperação econômica do estado, enfatizando a necessidade urgente de apoio financeiro e logístico para ajudar as empresas a se reerguerem e as pessoas a recuperarem seus meios de subsistência.
O CEO destaca a importância contínua das doações, tanto de carga física quanto de recursos financeiros para instituições confiáveis. Ele ressalta que cidades inteiras foram devastadas e serão provavelmente reconstruídas em novos locais, como é o caso de Cruzeiro do Sul, onde estudos já estão em andamento para determinar áreas seguras para reconstrução.
Além dos desafios imediatos no transporte e logística, o CEO aponta para as transformações que os municípios enfrentarão no processo de reconstrução. “A incerteza sobre o futuro é evidente”, ressaltou.
Fonte: Mundo Logística