Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas demonstrou que compartilhamento de paletes é a escolha mais racional para o setor de bebidas, mercearia e limpeza, oferecendo economia e segurança operacional
Por Redação
Logística no segmento de bebidas (Foto: Freepik)
Estudo recente conduzido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontou que a utilização de modelo de pooling de paletes para transporte é a opção mais racional para empresas que distribuem mercadorias. Especialmente nos setores de bebidas, mercearia e limpeza, essa abordagem apresenta benefícios significativos em comparação com os modelos tradicionais de paletes descartáveis ou retornáveis, pois, ao promover um modelo de economia circular com o compartilhamento e reutilização de equipamentos, além da segurança e eficiência operacional, contribuem para a sustentabilidade e redução de desperdícios.
De acordo com a pesquisa, a adoção do sistema de pooling pode resultar em uma economia de pelo menos 28% para varejistas de bebidas em entregas diretas do fornecedor para o ponto de venda, sem passar por um centro de distribuição. Quando as mercadorias necessitam passar pelos centros de distribuição, essa opção apresenta um custo mais baixo (cerca de 37%). Nos setores de limpeza e mercearia, os ganhos são igualmente significativos, com uma economia de pelo menos 25% e 28%, respectivamente, em entregas diretas aos pontos de venda.
Apesar do custo de movimentação com paletes descartáveis ser ainda menor (cerca de 63%), as empresas optam por evitar este tipo de palete devido ao maior risco de quebras, de acidentes na operação, baixa qualidade e potencial de danos às mercadorias.
O professor associado do Departamento de Produção e Operações da FGV EAESP e coordenador do estudo, Orlando Cattini Junior, ressaltou que, em diversos cenários, a utilização de paletes branco (PBR) tem se mostrado mais dispendiosa para varejistas e distribuidores em comparação ao palete descartável ou de one-way.
“No entanto, a adoção do sistema de pooling, que rastreia a origem e destinação dos paletes, traz uma série de benefícios para as empresas e para a sociedade, como segurança das mercadorias e promoção da economia circular”, explicou. “Esses tópicos ajudam a mostrar porque essa seria a escolha mais racional para os distribuidores e para os varejistas. Vale ressaltar que a escolha do tipo de palete é realizada pelo fornecedor/indústria ao entregar a mercadoria para o distribuidor.”
Os ganhos do pooling apontados pelo estudo se traduzem em maior segurança durante o armazenamento e manuseio das mercadorias, reduzindo os riscos de danos e problemas operacionais. Isso se deve à maior robustez e durabilidade dos paletes utilizados, bem como aos custos logísticos reduzidos, uma vez que não oferecem aos distribuidores e varejistas aquelas despesas relacionadas à gestão, manutenção e reparo.
Outras vantagens do pooling incluem uma melhor gestão por parte do fornecedor, graças à emissão de notas fiscais que permitem um controle mais adequado dos paletes, e uma redução no tempo de armazenamento nos centros de distribuição.
ELABORAÇÃO DA PESQUISA
A pesquisa envolveu a análise detalhada dos custos operacionais ao longo do ciclo de vida de um palete, considerando três tipos de operações: paletes retornáveis (via compra), paletes retornáveis de pooling (via aluguel como serviço) e paletes descartáveis. Entrevistas com empresas dos setores analisados também foram conduzidas para compreender a aplicação prática desses conceitos.
Cattini enfatizou que o modelo de pooling de paletes oferece vantagens únicas, como o compartilhamento de recursos em prol da natureza e a absorção de parte dos custos operacionais pelo operador do sistema de pooling. “Outra vantagem do pooling é que o fabricante não precisa gastar com CAPEX. Ao invés de fazer a compra de ativos, ele pode alugar os paletes como serviço”, complementou Cattini.
Além disso, ele destacou que, para garantir eficiência e sustentabilidade, é importante observar a utilização de madeira 100% certificada na produção dos paletes, bem como medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e promover o reaproveitamento de recursos.
Fonte: Mundo Logística